segunda-feira

ruídos

What kind of revolution?

Se o livro que estamos lendo não nos desperta com um soco na cara, para que o lemos?, pergunta K.
Precisamos dos livros que nos afetem como um desastre, precisamos que os livros nos afetem como um desastre, que nos aflijam profundamente, que nos aflijam profundamente, como um desastre, um soco na cara, que nos infectem como a morte de alguém que amamos mais do que nós mesmos, como um desastre, como ser banido para as florestas distantes de todos, expulso para o deserto como uma doença, marcado na testa para ser poupado e expiar a culpa, livros que nos afetem como um suicídio, um salto no abismo.
Um livro tem que ser o machado para o mar congelado dentro de nós.


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Rumor contínuo e prolongado.

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Revolução é vetor de força que age nos corpos simultaneamente como rotação e revolta. Da rotação, revolta e inversão, a revolução enquanto trajeto.

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Toda fonte de erro, distúrbio ou deformação de fidelidade na transmissão de uma mensagem visual, escrita, sonora; um sinal indesejável que não pertence à mensagem intencionalmente transmitida.

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Ponha sua mão na minha testa um momento para me dar coragem.


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It’s war amongst the rebels, madness, madness, war, canta LKJ.

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O Estado é uma estrutura condenada permanentemente ao fracasso, o povo, a ralé, uma estrutura incessantemente condenada à infâmia e à fraqueza espiritual. A vida é o desespero para o qual as filosofias procuram apoio — filosofias em que tudo é, ao final, destinado à insanidade, diz T.Bernh.

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You’ve got to find your domain. It’s for you to make your choice, it’s time for you to grow. Economically, socially. You’ve got to find your domain. Accusation, accusation, diz o Ruts DC reprocessado pelo ZTrain.

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Another trend, another attitude: WAR, war, hear whata I say if yu can. We hav a plan, so lissen man. All opression can do is bring passion to the heights of eruption. An’ songs of fire we will sing.
Wi will fite yu in di street wid we han. Wi hav a plan, soh lissen man, get ready fi tek some blows. Cause wi runnin wild bitta like bile. Blood will guide their way. An I say, all wi doin is defendin, soh set yu ready fe war. War. Freedom is a very fine thing, LKJ chama às ruas.

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A revolução vai te colocar no banco do motorista, canta GSHeron.
The revolution will not be right back after a messagebbout a white tornado, white lightning, or white people. You will not have to worry about a dove in your bedroom, a tiger in your tank, or the giant in your toilet bowl. The revolution will not go better with Coke. The revolution will not fight the germs that may cause bad breath. The revolution will put you in the driver's seat. The revolution will not be televised, will not be televised, will not be televised, will not be televised. The revolution will be no re-run brothers. The revolution will be live.



What kind of revolution?


domingo

ventilador dominical

domingo: suco salada sol água de coco

quase livre quase leve quase solto

ouvindo K&D, donau experience, um ventilador imaterial
e por trás gira no bunker o espalha-fumo anti-suor

keep on moving moving on, canta ela
sempre ela, sempre uma voz feminina,
sempre uma hipnose, sempre uma música,

sempre a música

pensando: se o se não existisse, o que seria do e?

um sonho pequeno: transpor o son(h)o

na rua: suicídio ou loucura, assim acaba o corpo do filósofo
(mas a voz que ecoa a vida impossível não se extingue

enquanto deus não der as caras ou o tédio não acabar com a angústia)

nothing takes the past away
like the future,
diz a madonna, dubeada&remixada por K&D

só que essa distância é um hiato,
um planeta gasoso que não se cristaliza
chamado presente, onde passado e futuro

são satélites movimentando as marés do fluxo:agora


terça-feira

babylon burning

a
es
pi
ra
l
in

can
desce

n
te da
in

sanid
ade
s

au
dáve
l

segunda-feira

reptiliano

à procura, como sempre, isso nunca acaba, a luz em excesso ofusca, a falta de luz traz a atenção, um mundo de sombras, um mundo ermo, sons são palavras, a sua idade é marcada no espectro, comunicação táctil, pensamento táctil, um mundo de trevas, prisão, atenção por sobrevivência, exclusão, à procura, como sempre, um mundo solar é um mundo que ofusca, distância, filtro, sombras

se mexendo como um réptil, se movendo como uma cobra, fuçando a terra, um tatu, perdendo tempo, esgotando forças em esforços vãos, sem sentido, senso, senso, lato, estrito, o corpo amarelando, cuspindo sangue desnecessariamente, anos são segundos, uma vida é um sopro, acumulando coisas, gordura, dinheiro e ilusões, movimentos em falso, rastejando como um reptiliano animal, batendo asas como um inseto resistente

à procura de algo que não acaba, estabelecendo um horário para a fuga, muito longe das idéias, muito longe do coração, existe no entanto apenas pedra, o som que range obtusidades, um sistema defensivo de primeira, no topo de tudo que não tem relevo, sozinho, engrenagem oleosa demais, rápida demais, no topo rangendo, corroendo, no fundo, sons, esmurrando gritos de zero decibélanos são segundos, uma vida é um sopro, os gritos são fracos, poucos murros têm estrondo, o que fica é o eco, se move nos outros, range noutros mecanismos, eco: vibração transitória, à procura, como sempre, isso não acaba
[1997]
fluxo: titanium exposé/sonic youth

domingo

sábado

escrever como o som, ou a música
uma produção natural, pelo menos agora
um sintetizador ambient
moby em my beautiful blue sky
e heaven

cheiro úmido de chuva
um abraço não dado
algo que não chegou
agora não há mais importância

transposição espacial
um mundo que flutua
suas mãos são delicadas
sua pele tão macia

adentrando outro estrato
um mergulho sem pulmões
para o interior dos olhos fechados
para fora do que é corpo
a verdadeira viagem do dr. manhattan pelos vales vermelhos de marte


[1997]

haha

haha, de novo, where i am
mondo cane?

getting placed
getting spaced

muito além da planésia, existe algum tipo de ulan bator
dar-es-salaam

nuevas e viejas fronteiras

na verdade, como disse o franciscano, tudo é resplandescência,
tudo é morte


[1997]

segunda-feira

sheltering sky

me proteja
de um céu hostil
pode ser com
um abraço gentil
que seja
com uma lambida servil

me esconda
de uma ordem inclemente
quem sabe
numa cela quente
ou até mesmo
num beijo demente

me aliene
de um deus amorosamente obscuro
com um soco na cara
me trancando no escuro
me olhando nos olhos
e abrindo dois furos


[3.4.2000]

sábado

finados

vendo o the machinist
não dormir, enlouquecer.

finados, o luto o outro luto
closing day
sem palavras, só o vôo sobre o vale da morte
e da vida
triste, soturno

quebrado, partido em dois,
não é possível ter tudo...
quantas encarnações para saber o óbvio?
as duas partes não se encontram, convergência transtornada
um corpo pequeno demais para abrigar tanto
disse o count almasy, for their hearts are organs of fire

viciado no seu consolo, não paro de ouvir a mesma música
ininterruptamente: moon, waldeck.
impossível viver sem a absolvição de uma imagem feminina,
diz o coolmemoire baudrillard

apartado então de si mesmo, sempre o mesmo abismo,
a mesma reação, o mesmo desespero ansioso de retomar
as cntps do corpo e do espírito

uma vida mais leve, sempre insustentável, vc não aprende?
consumindo a si mesmo, a janela não pode abrir mais que
a sua dobradiça, sempre olhar, sempre provar, sempre querer
o que está além, a árvore proibida, a queda, a morte do irmão,
o exílio no deserto, a dor sem fim, a cidade sem direção

virado, cansado, exaurido é assim que se chega à porta do trem
ver o que fica pra trás e permanece
o que me espera e esvanece
o que é parte e fortalece
o que é delírio e desaparece

sexta-feira

?

Buscamos o abismo?
Como se proteger de si mesmo?
Como estar em paz com o próprio desejo?
O que é o próprio desejo, afinal?
Não ter desejo, nada desejar como o budista?
Concentrar a energia em outros planos?
Levar uma vida religiosa no sentido puro do termo?
Andar no arame farpado?
Lançar-se na vida sem rede de proteção?
Como não ser consumido de uma forma ou de outra?
O que é o equilíbrio, a paz?
O que nos define?
O que é o controle e a escravidão?
Quem controla não é escravo do controle?
O escravo não determina o controlador?
O que é a consciência, então?
Ser ético, correto, honesto?
Há uma ética do abismo?
Existe ética no abismo?
O inferno está nos outros ou nós somos o inferno?
Assim como somos também o céu e o paraíso?
O que é uma resposta?
É possível haver uma resposta para alguma coisa, realmente?
Se tudo é incerto?
Se a incerteza é a nossa dimensão mesmo antes de nascermos?
O que há senão perguntas?
Chorar ou sorrir?
Aceitar ou combater?
Continuar ou resistir?
Admitir a eletricidade ou administrar o curto-circuito?
Dissolver ou concentrar?
Queimar ou preservar, queimar-se ou preservar-se?
Viver que vida ou qual morte?
Morrer que morte ou qual vida?

Viver ou viver?