quarta-feira

bad dream

bad dream?


há a música do tricky
e a ilusão auditiva do início da viagem de sappys curry

onde não estou?, diria deus
e porque não eu também
num ataque de ubiqüidade
desenvolvendo pequenos quebra-cabeças, uma obra que fala de si
qual?
sobrevoando qualquer tipo de vale ou paisagem que valha a pena
deus é música, diria alguém menos previsível que john lennon
procuro o extremo como o mercador procura a barganha
buscar o equilíbrio entre as partes
como explicar uma existência sem música?

[a falha do escorpião é a obtusidade,
sua penitência é carregar a própria morte.]

a grande questão é se entender com as próprias pernas, diria pedreira&akira
e ainda digo mais (dupondt),
a grande questão é o fluxo. há, é claro, o fluxo literário, experimentado de diversas formas, o cinematográfico, o musical, etc.
como suplantar o massacre sensual da música? como se equiparar a ele de alguma forma?
causar a sensação do sonho ubiqüo de algo como glass, underworld em sappys curry, cups ou juanita, passion de pgabriel, ?
evidente que cada um sobrevoa o que quer ou o que pode, como quer ou pode.
posso dar um rasante sobre o reno na cabeleira de beethoven
ou enfiar a cabeça na merda ouvindo venom
beethoven expressa o mundo em fuga
venom é expressão do que se foi há muito
cobain cantando, com o violão apenas, i think i’m dumb é mundo em fuga, percebe?
algo que acabou explodindo
a escolha entre sutileza e vulgaridade
como ser sutil num mundo que se foi, algo que se leva a sério
a seriedade é útil para a gargalhada final, apenas
cada vez mais científicos, cada vez mais imbecis


massive attack com storm weather


[2000]


domingo

da caderneta i

11.3


sentado no mangue seco, tomando
uma original, fumando uma talvis,
ouvindo K&D, sessions on water, e
lendo a “origem” de thomas bernhard.

***

sou uma criança, penso.
aparentemente feliz, lendo meu livro,
curtindo o ser em tonéis
de ar livre, uma mesa de madeira
o avô de TB diz: é importante
se ter uma idéia de todas as coisas
(e não, querer saber tudo ou saber tudo).

uma criança (o nome do relato no livro)
porque o espírito é ranzinza porém
infantil, de alguma forma ingênuo
e puro — o mau-humor é a carapaça
e o espinho para manter a
doçura longe da pedra absoluta.
estar livre por dentro é a grande
arte, a forma maior da poesia.


***

bernhard e a arte da frase.
não a palavra justa de flaubert,
a frase-aforismo, concentradora
de toda a potência negativa e
libertadora — a libertação pela
negação, pela aversão, pela destruição
— extinção e perturbação.


***

existe uma forma correta de fazer
as coisas ou fazê-las é a própria correção?