segunda-feira

reptiliano

à procura, como sempre, isso nunca acaba, a luz em excesso ofusca, a falta de luz traz a atenção, um mundo de sombras, um mundo ermo, sons são palavras, a sua idade é marcada no espectro, comunicação táctil, pensamento táctil, um mundo de trevas, prisão, atenção por sobrevivência, exclusão, à procura, como sempre, um mundo solar é um mundo que ofusca, distância, filtro, sombras

se mexendo como um réptil, se movendo como uma cobra, fuçando a terra, um tatu, perdendo tempo, esgotando forças em esforços vãos, sem sentido, senso, senso, lato, estrito, o corpo amarelando, cuspindo sangue desnecessariamente, anos são segundos, uma vida é um sopro, acumulando coisas, gordura, dinheiro e ilusões, movimentos em falso, rastejando como um reptiliano animal, batendo asas como um inseto resistente

à procura de algo que não acaba, estabelecendo um horário para a fuga, muito longe das idéias, muito longe do coração, existe no entanto apenas pedra, o som que range obtusidades, um sistema defensivo de primeira, no topo de tudo que não tem relevo, sozinho, engrenagem oleosa demais, rápida demais, no topo rangendo, corroendo, no fundo, sons, esmurrando gritos de zero decibélanos são segundos, uma vida é um sopro, os gritos são fracos, poucos murros têm estrondo, o que fica é o eco, se move nos outros, range noutros mecanismos, eco: vibração transitória, à procura, como sempre, isso não acaba
[1997]
fluxo: titanium exposé/sonic youth

1 Comments:

Blogger Ariadne Costa said...

Não sei (mas talvez você saiba) por quê, lembrei agora da história do cachorro que sai correndo e latindo atrás do carro. Mas aí o carro e pára e ele não sabe o que fazer.

14 novembro, 2005 17:10  

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