domingo

da caderneta i

11.3


sentado no mangue seco, tomando
uma original, fumando uma talvis,
ouvindo K&D, sessions on water, e
lendo a “origem” de thomas bernhard.

***

sou uma criança, penso.
aparentemente feliz, lendo meu livro,
curtindo o ser em tonéis
de ar livre, uma mesa de madeira
o avô de TB diz: é importante
se ter uma idéia de todas as coisas
(e não, querer saber tudo ou saber tudo).

uma criança (o nome do relato no livro)
porque o espírito é ranzinza porém
infantil, de alguma forma ingênuo
e puro — o mau-humor é a carapaça
e o espinho para manter a
doçura longe da pedra absoluta.
estar livre por dentro é a grande
arte, a forma maior da poesia.


***

bernhard e a arte da frase.
não a palavra justa de flaubert,
a frase-aforismo, concentradora
de toda a potência negativa e
libertadora — a libertação pela
negação, pela aversão, pela destruição
— extinção e perturbação.


***

existe uma forma correta de fazer
as coisas ou fazê-las é a própria correção?