sexta-feira

DDI sessions once



então é isso aí.
queens of the stone age voando baixo nos phones,
miró do outro lado mesa, empire state ao fundo,
as árvores lembaixo, nueva york na chuva, eu
depois da tempestade de verão.

***

a ansiedade de não perder, não deixar passar nada,
se acalma com a idade. viver é escolher, ponto
final. nova york engole o sujeito com a cornucópia
invertida das mil atrações por segundo. é preciso
ver o moma, o met, a broadway, o central park,
ir ao brooklyn, ver a nite, dançar, shows, as livrarias,
virgin megastore, e nessa excitação infernal não se
está em lugar nenhum, nunca, estamos sempre
dentro do dreno babilônico de energia, vazando,
vazando espírito, derretendo a carne com o fogo
do nosso complexo desinformado de inferioridade,
nossa submundice, delírio de consumo criado na
insegurança, no vazio, no desespero do deslumbre.

***

a diferença entre viajante e turista, adquirir
e comprar, trespassar e ser trespassado.




não é preciso. nada é preciso.
não devemos nada a ninguém na cidade,
eu não devo nada a ninguém nem aqui
nem em lugar nenhum, ny não é muito
mellhor que madureira, gente, gente,
rrrrrrammmmmm, nervo exposto.
cultura e consumo, qual a diferença?
de bermuda, havaianas, phones, cigarrilha,
óculos escuros, estou aqui como em copa
cabana, a diferença é que estou aqui,
e não mais lá, a cabana é outra mas a
carcaça é a mesma.

***

a diferença entre saborear e engolir.

***



e, claro, ny é muito melhor que madureira,
isso é só um princípio anti-deslumbre, anti-
idiotice, não vivemos num mundo unidimensional,
eu não vivo num mundo unidimensional,
em roma como os romanos, sem rendição
ao dreno, sem a sensação de perda por ir ali
e não lá, ou mesmo não ir, ficar em casa e
ver o céu, a chuva, ler, escrever, ou descer
na esquina e comer um falafel e fumar e tomar
uma cerveja.
aqui como aí, lá como cá, esse é o princípio.
não teremos tudo nunca, eu não terei tudo
nunca, e nem quero mais.
é preciso escolher, e aceitar a escolha, estar
em paz com ela é estar em paz consigo mesmo.
em ny ou em madureira.


1 Comments:

Blogger Vânia Vidal said...

Por aqui, The Dark Side Of the Moon, nos phones, e por dentro o dark side, que seria o mesmo, aqui ou aí, no Rio ou em Haifa,em São Paulo ou em Moçambique. Aceitar a escolha, o Dark side mesmo, ouvindo Floyd na varanda sem luz acesa, vendo as janelas dos outros prédios apagarem-se uma a uma, de sapato de lã feito pela avó, escrevendo a monografia mais estranha do mundo, que seria a mesma em qualquer lugar, até em madureira, misturando quatro línguas e post-war-dream-american-poetry com ciências políticas,e sem poder tomar álcool!, dear stranger mr. Kaspar, isso é que é underground. Mas ny tem seu charme, não?

Então o negócio é aceitar o dark side e pular fora.
bjs
vania

22 julho, 2006 01:08  

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