sábado

no frio

entrei no bar, sentei no balcão e esperei.
a fumaça começa a irritar meus olhos.
bebo; sinto que estou perto da verdade não-alcoólica.
velocidade.
não pretendo chegar, sei.
existe medo no espírito (da verdade).
qualquer história tem que ser longa (psicologicamente longa).
isso está batendo na minha cabeça.
o barman começa a ficar mais longe.
levanto e procuro uma mesa.
sento com o copo na mão.
história recente da humanidade?

O pequeno Rub foi ao futebol outro dia com seu pai.
Pequeno Rub: “eu nem vi o jogo muito bem, eu tava tomando sorvete.
Aí, no fim do jogo, eu subi a arquibancada de madeira e fiz xixi
na cabeça das pessoas que tavam saindo do jogo, lá embaixo.”


eu estou aqui sentado há uma meia hora e ninguém veio atender.
talvez aqui esteja muito escuro, sem dúvida que está.
que se foda então.
levanto e deixo o bar.
o ar frio da rua entra rasgando.
fico sóbrio.
(logo)



[1990]