quinta-feira

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1. tenho o cabelo enorme e esvoaçante, apesar de estar defronte ao espelho do banheiro, e na mão o livro de entrevistas com o bernhard, presente da irmandade, não sei mais que língua falo, começo no espanhol e na outra frase passo pro inglês e descanso no brasileiro (é isso, a partir de agora, do livro em português-português-traduzido-do-alemão-e-mais-alemão-que-o-próprio-alemão-aos-meus-ouvidos, chamo a língua em que fui alfabetizado de brasileiro, sem vergonha, sem problema, sem drama), uma cigarrilha na outra mão e uma dose de jim bean em cima da mesa, na minha estaçãozinha de trabalho (laptop hp, um hd externo que trouxe do rio com minhas músicas e outras tralhas e minhas caixinhas de som maxell) vou escrevendo e ouvindo the roots (hiphop elegante e local, philadelphos negões cheios de um si mesmo tranqüilo).

2. um charutinho e um café, arrumando a mochila, mais uma caída em nyork, dia nublado, o frio dobrando a esquina, a chuva no horizonte, seguindo com o the roots, encontrar os amigos, segunda teve o show do shadow, mais um bota-abaixo musical na terra estrangeira, livros, esperas, fumaça, postergação, streets of philadelphia em ritmo hip-hop (fuck bspringsteen), e eles vão cantando "it's all in the music", sempre.

3. finalmente você tem a janela de volta com a retirada do aparelho de ar-condicionado, de novo um quadrado aberto à frente em vez do pequeno retângulo escondido no alto, as árvores próximas, acordado pelo despertador telefônico do telemarketing insuportável, no thanks and please take off the number of your list, e as vozes gritando o desespero do nada tranqüilo do trabalho americano, sempre eficiente, você tem vontade de reclamar mas berrar não está na ordem do dia, então deixa que a música faça o serviço, "you boys get ready 'cause here i come, here i come".